εὕρηκα

Após pegar a pesada coroa de ouro em suas mãos, teve uma terrível impressão... O material que havia disponibilizado para a construção da joia não foi totalmente utilizado, e o pior é que o sobressalente não havia sido devolvido! Mas como ter certeza? Era um governante influente, poderoso, sábio e justo! Tamanho era seu ódio, que a única ordem que rolava em sua cabeça, era fazer a cabeça daquele maldito ourives larápio rolar... Mas ele precisava ter certeza!

-Tragam-me o homem mais sábio, depois de mim é claro! - Era a melhor coisa a se fazer. Ele já havia escutado falar das façanhas desse homem. Seu reino já havia proclamado sua fama aos quatro ventos, e a mesma se espalhava rapidamente e cada vez chegava mais longe...Mas ele era parte da colônia auto-governante grega de Siracusa, Sicília onde Hierão II era absoluto.

Ao chegar na sua presença, o homem de vestes simples com enormes olheiras e um aparelho bizarro pendurado na ponte de seu nariz tampando seus olhos - Como ele consegue enxergar com aquilo na cara? Acho que este é o homem errado! - Pensou o Rei.

-Em que posso lhe ser útil, Senhor?

-Serei direto! Ordenei que me construíssem uma coroa votiva para enfeitar o altar que estou construindo, e acredito que fui enganado! Acredito que o ouro que disponibilizei foi misturado à prata, e parte do meu precioso tesouro foi subtraído desonestamente.

-Mas esse problema pode ser facilmente resolvido derretendo a peça e separando os metais que o Senhor cedeu para o ourives!

O Rei contorceu-se impaciente e gargalhou freneticamente, e sozinho no recinto - Riam também! - Ordenou loucamente para os outros presentes que forçaram a risada - Claro que é só derreter a peça! E ainda dizem que você é o homem mais sábio? Francamente! Isso dá pra mim fazer!

-Senhor, o correto é para Eu fazer! - Disse calmamente o sábio, corrigindo o Rei Hierão II.

-Como ousa me corrigir? Por Zeus, você é muito ousado! Não gosto de gente assim... - Disse o Rei lividamente tomado pela raiva - Te dou 5 dias e 4 noites para que me traga a resposta sem que danifique a Joia. Simpatizei pela peça! Quero decapitar o maldito Ourives se souber que ele me roubou. Se caso você não vier com a resposta no prazo dado, a sua cabeça rolará junto com a do Ourives.

-"Se" e "caso" significam a mesma coisa, o correto seria "...se acaso não vier..." Todavia, me empenharei em solucionar este problema!

-Como é seu nome, cidadão?

-Arquimedes, Senhor!

-Traga a resposta Arquimedes, ou sofrerá minha ira e será morto por ousadia excessiva!

Tomado pela preocupação, e urgência colérica que o tom de voz do rei transpareciam, Arquimedes recolheu-se e pôs-se a pensar. Passaram-se os dias, e nenhuma idéia. Já estava no quarto dia, quando resolveu relaxar em um banho no que parecia ser uma banheira, quando notou que ao entrar na água, o nível da mesma modificava... Aquilo intrigou Arquimedes, que rapidamente levantou da banheira e mergulhou apenas a coroa na banheira. Foi aí que teve a grande idéia! A idéia que iria solucionar o mistério sem destruir a coroa e mantê-lo vivo, e decidiria o destino do ourives. Sua felicidade foi incontrolável. Tanto que saiu correndo por Siracusa completamente nú gritando "εὕρηκα!" ou simplesmente "Eureka!".

Você provavelmente conhece essa anedota (Nossa...anedota é tão 1900 *-*), sobre como Arquimedes solucionou o mistério e ganhou o reconhecimento do Rei. Mas quero chamar a atenção aqui para um famoso princípio da hidrostática, chamado princípio de Arquimedes, que diz que "Se um corpo for mergulhado num fluido em repouso, ele sofrerá por parte do fluido uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao do PESO DO FLUIDO DESLOCADO. Esse detalhe destacado é de crucial importância, e sempre é confundido!

Enfim, Arquimedes foi um homem que viveu na época errada. Responsável por grandes invenções, inovações e descobertas e autor da célebre frase sobre alavancas, "dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo".

Veja algumas de suas invenções:

• O Siracusia - Maior barco projetado para a época, com capacidade de levar mais de 600 pessoas a bordo! E nele ainda haviam jardins decorativos e luxuosas dependências. Fora que também foi usado como navio de guerra.

• O parafuso de Arquimedes - Dispositivo capaz de transpor a água de um nível inferior para uma certa altura.

• A Garra de Arquimedes - Consistia num braço de guindaste a partir do qual pendia um grande gancho de metal. Quando a garra caía sobre um navio inimigo, o braço era usado para balançar o navio para fora da água. No MithBuster, eles reproduziram esse experimento, constatando que o mesmo seria plausível.

• O Raio de Calor de Arquimedes - Arquimedes destruiu navios, e retardou as tropas romanas com esta invenção que consistia num conjunto de espelhos que concentravam os raios solares, protegendo o auto-governo grego de Siracusa.

Existiram muitas outras invenções e descobertas dessa mente notável, que morreu durante a segunda guerra púnica, comandada pelos romanos. O então governante romano, havia exigido que Arquimedes fosse trazido vivo às dependências romanas, mas ele foi morto quando resistiu a se entregar aos soldados. Quem sabe quantas coisas mais, a humanidade teria ganhado, se esta mente brilhante, tivesse a oportunidade de continuar só mais um pouco.