sexta-feira, 10 de junho de 2011

Até que Ponto o Aborto é Conveniente?


— Mais para a direita... Não, não... Um pouco mais para a esquerda... Agora, para cima...

Enquanto o médico falava, a tela do aparelho de ultra-sonografia estampava a imagem de quatro fetos. Na 12ª semana de gestação, quatro corações pulsavam com vigor. Ao lado da máquina, deitada sobre uma maca, a mãe chorava. Há um ano a economista A.L.M., de 29 anos, tentava engravidar. Passou por meia dúzia de centros de reprodução assistida. Em vão. No último, indicaram-lhe injeções de gonadotrofina, o hormônio estimulante da ovulação. No primeiro mês, nada. No seguinte, quatro óvulos, a fecundação... e os quatro fetos.

— Isso! — anunciou o primeiro doutor. A agulha de aproximadamente 15 centímetros de comprimento e 1 milímetro de diâmetro chegara a seu destino: o coraçãozinho de um dos fetos. O segundo médico disparou a injeção. Cloreto de potássio. Parada cardíaca. Morte. A.L.M. virou o rosto. Soluçava. Com a mesma punção no abdome da mãe, a agulha alcançou o coração de outro bebê. Cloreto de potássio. Parada cardíaca. Morte.

Quarenta minutos e A.L.M. deixava a clínica. Não era mais a gestante de quadrigêmeos, mas apenas de gêmeos. Hoje, às vésperas de completar oito meses de gravidez, os bebês remanescentes estão prestes a nascer. "Prefiro não pensar sobre o que foi feito dos outros", diz a mãe. Medindo 6 centímetros cada um, depois de quatro semanas, foram absorvidos pelo organismo materno. "Tento imaginar que não existiram." A.L.M. tenta.

Agora mostraremos a outra face da moeda:

Às vésperas do Natal de 1998, num hospital de Boston, nos Estados Unidos, a nigeriana Nkem Chukwu, de 29 anos, deu à luz seis meninas e dois meninos — três meses antes do previsto para uma gestação normal. Sete dias depois, a pequena Odera, a menorzinha dos óctuplos, morreu vítima de insuficiência cardíaca e respiratória. Tinha o tamanho de um passarinho: 320 gramas, 24 centímetros. Foi uma gravidez dura. Como a economista paulistana, a nigeriana recebeu injeções de gonadotrofina. Mas, cristã fervorosa, recusou-se a abortar alguns dos fetos. "Fui abençoada por Deus", afirmou ela na época. A probabilidade de uma mulher ter oito bebês de uma só vez, sem auxílio de tratamento, é de uma em 21 trilhões. Ou seja, é virtualmente impossível.



"Não consegui fazer a redução. Hoje, olho para meus filhos e penso: quais deles teriam sido mortos?"
Teresa Lopes, 38 anos, mãe de Bárbara, Raquel, Bruno e Catarina, de 2 anos



Vídeo de uma redução assistida:


Quando se faz a inseminação artificial, vários óvulos de uma mulher são fecundados pelos espermatozóides. E para que a gravidez seja mais tranqüila algumas gestantes fazem a chamada “redução embrionária” (um eufemismo de aborto!). A.L.M. fez errado, deveria ter feito igual a Nkem? O aumento no número de gestações múltiplas coloca o dilema: abortar ou não alguns dos fetos?

Hoje não escreverei muito. Não estou aqui para formar opiniões, e sim para instigá-los!


Comente aí! Diga o que pensa do assunto! Pondere a situação pensando nos casos descritos e deixe seu ponto de vista para que a gente possa conversar a respeito!

11 comentários:

  1. Enfo!! Yuri nerd pra carambaa..rs

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  2. Acho que nunca teremos uma resposta certa sobre isso, os mais religiosos dirão que é um crime, os mais céticos que foi o melhor a se fazer, a questão ética vai alem da gestação múltipla, onde as mães assumem o risco de terem essa decisão pela frente, o que dizer de casos como o estupro, é certo condenar a mãe a relembrar do trauma sempre que olhar para a criança, ou condenar a criança a passar a vida sendo tratada como uma lembrança ruim(claro que não estou generalizando, existem mulheres capazes de compreender a inocência de uma criança), no entanto alguns vão dizer que é uma vida inocente e não deve ser sacrificada. Na verdade, qualquer escolha trará consequências, mas as vezes pode ser mais fácil(Não estou falando de certo, o certo é relativo ao conceito de moral interna a cada um) e gratificante você ter a certeza que lutou até o fim por todas as vidas que você decidiu gerar(porque engravidar hoje é mais uma escolha que um acidente) que pensar que desistiu quando as coisas não saíram como você esperava.

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  3. Concordo plenamente com você. É muito cômodo para quem está de fora julgar a situação, quando na realidade, o sofrimento maior é de quem está vivendo a situação.
    Deve haver bom senso sempre, ao se pensar nessa situação. Se pensarmos em religiosos, me vem à cabeça os testemunhas de Jeová, que são totalmente contra a doação de sangue, por exemplo. É um atraso mental, e uma falha ética, achar que as crenças são capazes de determinar quem vive ou quem morre.
    Que dizer da mãe do exemplo do texto, que deveria escolher a própria vida ou a morte, a partir do aborto?
    Como você mesmo disse, qualquer escolha trará consequências, basta saber qual delas é a que trará menos revezes!

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  4. valeu pelos comentários, é muito construtivo e interessante ver as opiniões de outras pessoas!

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  5. Quando eu escrevi meu primeiro comentário já eram três da manhã, agora depois de reler o que escrevi, e lendo o que você escreveu, eu percebi que falamos falamos e não saímos de cima do muro, então vou atravessar essa barreira e correr o risco de falar besteira. Eu sou a favor de redução se os bebes representarem um risco de vida para a mãe, nesto ponto, alguém diz:"Mas uma mãe nunca colocaria sua vida antes da vida de seu filho", não estou dizendo o contrario, apenas não condeno a mulher que o faça, falando friamente é uma questão de mal maior, o que é pior? em um ponto da balança podemos privar uma criança(ou algumas crianças) de sua mãe, um marido da mulher que ama, enfim, tirar essa pessoa da vida de muitos, por outro lado, a mãe pode sofrer com o perda de um filho que ainda não nasceu, mas é um sofrimento que com o tempo e com o apoio daqueles que a amam passará, é uma vida que ainda nem tem consciência de viver e que deixou sua marca apenas na vida de seus pais. Mas enfim, sou a favor apensa neste caso, de outra forma cada um é responsável por aquilo que provoca, como disse anteriormente, ter um filho é mais uma questão de escolha que de acidente.

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  6. Não tem que agradecer nada não, eu gosto dos seus posts, e isso é uma coisa boa, considerando que normalmente não gosto de quase nada que leio na internet..

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  7. Nesse assunto a religião e a razão batem de frente. é uma situação muito delicada escolher entre a saúde da mãe e a vida dos filhos. Respeito quem faça a redução, mas eu não faria não. Acredito em Deus e sei q ele iria poupar minha vida, e a qntidade de embriões formados e a q sobreviveria cabe a Deus o controle. Muito bom o post!

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  8. quem é vc anônimo?? rsrs

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  9. Muito bom o seu texto,mas a questão do aborto ainda é muito relativa como em casos de estupro.

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  10. Fiquei horrorizada com esse vídeo de "redução assistida"... Trágico!!! :(

    Achei super interessante esse post!
    Parabéns!!!

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